domingo, 12 de abril de 2009

Quando os filhos crescem!

É em datas como a Páscoa que nos damos conta que os nossos filhos cresceram!

Há bem pouco tempo eu teria acordado na madrugada para arrumar os seus ninhos.


Todos os dois tinham um cesta grande, de vime, que era sempre a mesma, comprada ainda quando eram bem pequenos.

Enchia o fundo com palha e raminhos de macela, muitas fitinhas e topes e recheava de ovos de chocolate, barras e muitas guloseimas. Sempre colocava um coelhinho de pelúcia dentro do ninho de cada um. A casa também era arrumada. Enfeites de páscoa para todo lado. Impossível não lembrar que a chegada do coelho estava próxima.

De véspera, preparava uma pasta de maisena com água e fazia as pegadas do bichinho por toda a casa. As mães de hoje tem menos trabalho, as pegadas se encontram prontas, auto-adesivas nas melhores casas do ramo. Deixava uma cenoura mordida na soleira da janela para reforçar sua passagem pela casa. Eles esperavam ansiosos. No domingo sempre madrugavam, iriam dormir à tarde para compensar a alvorada. Vibravam seguindo o rastro do coelho, procuravam pela cenoura, mas achar os ninhos era a apoteose. O sorriso rasgava o rosto de orelha a orelha e um sonoro “Aaahhhhhh” ecoava pela casa. Apartir daí, ia ser chocolate no café-da-manhã, no almoço, no lanche e na janta por vários dias. Nunca fui daquelas mães de fazer das refeições um martírio para os filhos, ainda mais na páscoa!

Hoje é diferente, os filhos cresceram. Não acreditam mais no coelho, a vida se encarregou de substituí-lo por outros personagens. Agora, na véspera, eu posso dormir a noite inteira. As cestas foram passadas adiante para serem cenários de outros sonhos. As cenouras são usadas na salada do almoço de domingo. Não compro tantos chocolates, agora se preocupam mais com a silhueta, mas ainda compro um coelhinho de pelúcia para cada um, isso é um hábito que não quero largar tão cedo. Embalo algumas barras de chocolate com uma fita bonita, sento o coelho no tope e deixo sobre a cama de cada um. Ainda vibram quando encontram. Agora agradecem com um beijo e um muito obrigada, palavras que não precisavam ser ditas quando pequenos, pois eu as traduzia em cada gesto, em cada risada, em cada mordida.

O ritual da minha Páscoa ficou diferente, mas o recheio vai ser sempre o mesmo: o AMOR. Escrevo sobre isto não com uma saudade doída, mas como alguém que vê a vida cumprindo seus ciclos, seu percurso. E me lembro, com imensa alegria, que não só dei asas para meus filhos como também aprofundei as suas raízes.

Um Páscoa muito doce para todos!



4 comentários:

  1. aaaaaaaaaaah, que saudade me deu de tudo isso, minha guriazinha só tem 12 anos e eu já sinto falta dos mimos e das crenças que ela perdeu e eu mais ainda....
    beijo -grata por me lembrar

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  2. Oooiii, Nadia.
    O tempo passa depressa meeeeesmo... ainda bem que ele deixa uma saudade boa no coração da gente!
    Um bom restinho de semana pra ti!
    Bjs.

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  3. A Dra.!! Acabei de viajar no tempo, senti saudade da minha mãe...
    Sempre me tirando do chão né!!
    Estou com saudades
    beijos

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  4. Oi, Déia...
    Tb tô com saudades...
    Obrigada pelo carinho de sempre.
    Volte mais vezes!
    Bjão

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"Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes..."
(Cecília Meireles)

Que bons ventos te tragam mais vezes!