Ela era o Big Ben de saia. Sem atrasos ou adiantados da hora. Tudo na mais perfeita ordem, sempre! Tudo priorizado milimetricamente. Estudar, se formar, casar e trabalhar. Talvez casar fosse forte demais... encontrar um amor combinava mais com ela. Filhos? Sim, mas suas engrenagens deveriam estar mais afinadas, conhecidas para receber esta nova pecinha. Agora, definitivamente não era hora... não era hora!
Ela estudou, se formou, encontrou uma amor e trabalhou. O relógio parou. Era a primeira fez que ele parava assim tão repente. Não era o trabalho que ela queria. Ela sempre planejava tudo com a antecedência de um calendário de eventos da secretaria de cultura. Pensou, pensou. Adiantou o relógio. Pulou o tempo. A vida permite isso, ainda que às avessas. Teria que correr para recuperar as horas. E correu, sempre teve muito fôlego, não ia ser agora que ele lhe faltaria. Emparelhou os ponteiros. Agora sim, estava feliz. Tudo nela funcionava maravilhosamente bem. Lembrou daquela pecinha. Não... agora vou aproveitar as minhas horas.
Fez escova progressiva. Comprou roupas novas. Mudou de perfume.Tratou a sua gastrite. Queria estar linda também por fora. Escondeu o ácido fólico no armário. Ácido fólico lembrava a pecinha...agora não, ela já tinha dito.
O relógio começou atrasar. Estranhou. Seu relógio nunca tinha atrasado antes. Custou a se dar conta que a pecinha já estava dentro dela. Chorou de tristeza. Chorou de alegria. Quase fundiu a máquina de tanto pensar. Perdeu chão e o achou de novo. Ela que era o "manual de organizações e métodos", tinha falhado.
Filhos não são relógios. Filhos chegam a qualquer hora. Eles têm a sua hora. Nos fazem perder as horas, nos acrescentam horas. Filhos brincam com tudo até com o tempo. Tiram a importância do tempo. Eles serão o nosso tempo daqui pra frente. Como é bom perder nosso tempo e ganhar o deles. Esqueceremos dos segundos, dos minutos, das horas. Viveremos no tempo deles e nem sentiremos falta do nosso. Filhos são mais que isso. Filhos são água benta. Abssolvem as mães de todos os pecados.
Ela estudou, se formou, encontrou uma amor e trabalhou. O relógio parou. Era a primeira fez que ele parava assim tão repente. Não era o trabalho que ela queria. Ela sempre planejava tudo com a antecedência de um calendário de eventos da secretaria de cultura. Pensou, pensou. Adiantou o relógio. Pulou o tempo. A vida permite isso, ainda que às avessas. Teria que correr para recuperar as horas. E correu, sempre teve muito fôlego, não ia ser agora que ele lhe faltaria. Emparelhou os ponteiros. Agora sim, estava feliz. Tudo nela funcionava maravilhosamente bem. Lembrou daquela pecinha. Não... agora vou aproveitar as minhas horas.
Fez escova progressiva. Comprou roupas novas. Mudou de perfume.Tratou a sua gastrite. Queria estar linda também por fora. Escondeu o ácido fólico no armário. Ácido fólico lembrava a pecinha...agora não, ela já tinha dito.
O relógio começou atrasar. Estranhou. Seu relógio nunca tinha atrasado antes. Custou a se dar conta que a pecinha já estava dentro dela. Chorou de tristeza. Chorou de alegria. Quase fundiu a máquina de tanto pensar. Perdeu chão e o achou de novo. Ela que era o "manual de organizações e métodos", tinha falhado.
Filhos não são relógios. Filhos chegam a qualquer hora. Eles têm a sua hora. Nos fazem perder as horas, nos acrescentam horas. Filhos brincam com tudo até com o tempo. Tiram a importância do tempo. Eles serão o nosso tempo daqui pra frente. Como é bom perder nosso tempo e ganhar o deles. Esqueceremos dos segundos, dos minutos, das horas. Viveremos no tempo deles e nem sentiremos falta do nosso. Filhos são mais que isso. Filhos são água benta. Abssolvem as mães de todos os pecados.
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"Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes..."
(Cecília Meireles)
Que bons ventos te tragam mais vezes!