Quem me dera ser Dulcinéia...
Vestes de camponesa
Títulos de nobreza
Dona de toda beleza
Que roubou da natureza
Que me dera ser Dulcinéia...
Do cristal, delicadeza
Das pedras, fortaleza
Das águas, toda pureza
Dos pássaros, só a leveza
Do sol, brilho e clareza
E das flores, a boniteza
Quem me dera ser Dulcinéia...
Por ser toda esperteza
Moldou-se com muita justeza
Da lama, alguma vileza
Da neve, muita frieza
Do vento, a ligeireza
Das tempestades, a brabeza
Quem me dera ser Dulcinéia...
Que nunca se entregou sem defesa
A qualquer Quixote que seja
Nunca teve o coração machucado, sua maior riqueza
Nem viveu na incerteza, sua grande fraqueza
E dos seus moinhos de ventos?
Destes, sempre venceu com largueza
Quem me dera ser Dulcinéia...
Nunca saberia o que é tristeza
Quem me dera...
(Wania)