quarta-feira, 29 de abril de 2009

HOJE EM CARTAZ: "Caminhando nas Nuvens"... o filme da minha vida

Entro na sala escura que tapa os ouvidos para não escutar meus passos.

Sento no corredor, última fila.

Ela me empresta seus olhos...

Hoje em cartaz: “CAMINHANDO NAS NUVENS”!

Esqueço-me do mundo e entro no filme.

Vivo todos os seus personagens:

Sou a mocinha, filha desiludida, que preza a família, tem muitos sonhos e ainda acredita no amor;

Sou o pai que ama seus filhos, dá-lhe o sustento, ensina valores, erra e volta atrás;

Sou o avô que não deixa o passado morrer;

Sou a mãe que cede a cama para a primeira noite da filha, cobre de lençóis de seda e deixa uma rosa no travesseiro;

Sou a avó que perdoa mãe e perdoa filha;

Sou o mocinho de coração transparente, que não tem família, mas que faz serenata e se rende, novamente, ao amor;

Sou a família sentada em volta da mesa;

Sou os parreirais plantados um a um ao longo dos anos;

Sou o fogo, sou o incêndio, sou a destruição;

Sou o broto que restou inteiro e refará o todo;

Acendem-se as luzes...

Saio leve da sala...

Sendo eu mesma...

Enxergando com meus próprios olhos...

Em busca de um amor que me leve para caminhar nas nuvens...

Que alimente meu fogo abanando asas de borboletas...

Que colha minha uvas e as amasse, carinhosamente, com seus pés

Para depois embriagar-se com meu vinho a cada anoitecer!



terça-feira, 28 de abril de 2009

Silêncio...




A casa emudecia quando meu avô chegava...
Enrolavam-se as línguas como os tapetes em dia de faxina!
Jantávamos, pontualmente, às 20h.
Ele sentava-se na cabeceira da mesa e ninguém mais levantava.
Olhava-se só para os pratos.
Sabor nenhum.
Um dia ele não voltou para casa.
Os tapetes nunca mais saíram do lugar.
Jantamos às 23h...
Todos na cozinha, ao redor do fogão!


sábado, 25 de abril de 2009

TPM...

Nestes dias, contrariando as correntes marítimas, deixo de ser mar...

Não arrebento na areia...

Não invado a praia em ressaca...

Não quebro nas pedras, nem acordo imensos monstros de espumas...

Não escondo meus navios naufragados,

nem encontro os meus tesouros perdidos...

Não sirvo de espelho para lua, nem de cama para o sol se deitar...

Não dou voz para as minhas sereias,

nem ouvidos para os que ouso enfeitiçar...

Não avanço em profundezas...

Não me deixo navegar.

Nestes dias sou rio que passa triste e cabisbaixo...

Rio que desce com vontade de voltar!


sexta-feira, 24 de abril de 2009

A felicidade acordou junto comigo...


"E agora o que fazer com essa manhã desabrochada a pássaros?"


Manoel de Barros


Eu sei...


segunda-feira, 20 de abril de 2009

As frases da minha lua...




"Quem anda no trilho é trem de ferro,
sou água que corre entre pedras:
liberdade caça jeito."


Manoel de Barros



domingo, 19 de abril de 2009

Coelho de Alice!



Domingo cinzento, saí do plantão abençoando o friozinho! Puxa, frio....estás chegando tarde. Quis fazer-lhe um nariz torcido pelo atraso, mas achei melhor abrir um sorriso e dar-lhe boas-vindas!

Na saída, no hall do Hospital, cruzei com uma amiga. Não uma amiga qualquer, uma amiga muito especial. Amizade daquelas antigas que a distância tenta, mas não consegue separar. Por mais que tomemos caminhos opostos sempre damos um jeitinho de nos cruzar e cada vez que isso acontece os minutos juntas viram horas. O abraço traz a última vez que nos vimos pra ontem. O sorriso puxa a cadeira. A alegria nos manda sentar. Contamos nossas vidinhas como quem faz o trailer de um bom filme. Sempre filme de ação passando pelo romance, não esquecendo a comédia. Drama nunca, não somos roteiro para este gênero cinematográfico. Várias cenas, falas compactas... afinal trailer é trailer...logo, logo a luz vai apagar-se e começar o filme principal.

Ficamos uma meia hora juntas tomando um café gostoso. Ficaríamos horas papeando, mas a vida é o coelho de Alice, sempre tem pressa, pressa, pressa! Cada uma, depois dali, teria que seguir no seu filmezinho, sozinha. Nesta fita somos a protagonista, a diretora, a contra-regra, a roteirista, a responsável pela trilha sonora, pelos efeitos especiais e pelo orçamento. O bom disso tudo é o filme que rodamos juntas será sempre um clássico na prateleira das nossas vidas, sempre à mão para podermos acessá-lo e rever quando a saudade aperta. Afinal, os clássicos nunca morrem!