Era um portão de ferro antigo. Bonito. Ele ficava no fim da rua, mas abria-se para o início! Ali dentro, o verde cegava. O silêncio era ensurdecedor. O ballet das borboletas começava a cada hora, se perdéssemos um, teria o próximo e próximo e o próximo.... os ingressos nunca acabavam! A construção era simples, mas o conforto era o Mário Quintana do INTEGRIA: hóspede cativo! Um lagarto cansado se arrastava. Acho que ele carregava a chave de todas as portas! A montanha imensa assustava e depois ela mesmo consolava. O refeitório era barrigudo. Asseado. Banhava-se todo dia em cravo, alecrim, canela ou manjerona. Seu humor escolhia o cheiro do dia. Ele gostava de fazer cócegas em nossos pés. Eu ria com a barriga! Na subida, a última goiabeira da direita, falava. Ela falava com o mundo, era única ali que tinha este poder. Ninguém a invejava. A noite, o poste era o luar. Eu caminhava sobre as estrelas. Sempre reto até as Três Marias, depois à esquerda até o Cruzeiro do Sul. Cuidado com as estrelas cadentes. Se divertem quando erramos o caminho. A noite, aqui, tem os barulhos dos contos de fadas. Deito . Durmo. Sonho. De manhã, o sol vem devagarinho e me puxa as cobertas. Aqui os despertadores tem asas. Aqui os dias se repetem sem nunca se repetir. Aqui plantei a minha primeira semente... Aqui quero voltar e repartir meus frutos!
Definitivamente eu não fui mais a mesma depois de sai de lá.
Algum dos meus portões abriu-se e eu me vi num início...
Inícios me encantam e, ao mesmo tempo, me assustam, mas eu vou,
dobrando estrelas.....quero ver onde esta minha rua vai dar!
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"Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes..."
(Cecília Meireles)
Que bons ventos te tragam mais vezes!