domingo, 8 de março de 2009

JÁ É MULHER-FEITA!


Tenho medo deste rótulo...Cheira a mofo! Lembra passado! Tudo que já está feito... está pronto! E o que está pronto não precisa, necessariamente, ser modificado! As mulheres feitas esqueceram dos seus sonhos, eles sonham os sonhos de outros. Elas esperam sentadas. Fazem sempre as mesmas receitas, pois já sabem o resultado que vão ter. Vão aos mesmos lugares porque só de lá sabem voltar sozinhas. Elas têm dificuldades para emitir suas opiniões, às vezes nem opiniões elas têm. Acomodam-se na bagunça organizada. Elas seguem manuais. Elas não se permitem o primeiro lugar da fila, resignam-se com os últimos. Elas foram talhadas para desempenhar a maternidade. Não reconhecem mais até onde vai o seu território. Permitem invasões. Precisam sempre do aval de todos. São as eternas vítimas, mesmo que, conscientemente, não se reconheçam neste papel. São sempre propriedade de alguém.
Para deixar deste rótulo, só destruindo tudo, implodindo-se, se colocando à baixo. Deixar-se em escombros, para depois se reerguer novamente!
Prefiro mil vezes ouvir: ela é uma mulher-não feita! As não-feitas estão sempre em eterna construção. Aprendem com os seus erros. Voltam atrás. Perdoam primeiro a si próprias para depois perdoar os outros. Elas sonham até acordadas, mas não esperam de braços cruzados eles se materializarem. Elas arregaçam as mangas e controem pontes para chegar lá. Elas decidem se querem ter filhos. Erram educando os filhos, mas não precisam usar a força nem as palavras mais duras para consertar o erro, elas são o exemplo vivo desta contínua transformação. Elas sabem sair de um relacionamento quando este não lhes acrescenta mais nada. Elas temem a carreira-solo, mas o medo nunca as paralizam e sim, serve de catapulta para transpô-lo. Elas até podem ser seus próprios algozes, mas nunca serão vítimas. Se permitem o primeiro lugar. Investem na profissão, mas não esquecem da sua qualidade de vida. Sabem que não irão agradar a todos e nem tem esta pretensão. Fincam as suas cercas; entrar, só com o consentimento delas. Experimentam o novo para se conhecer mais. Adoram faxinas, detestam acomodações. Elas dizem o que pensam. Reconhecem quando passam dos limites. Pedem desculpas. São donas de si.
Eu já fui mulher-feita. Agora não sou mais. Reconstruir-se dá trabalho: dói, pesa, cansa... isso eu não posso negar, mas vale todo o sacrifício despendido!
Que eu nunca me finalize!

À todas as mulheres, feitas ou não-feitas...

o meu carinho pelo dia de hoje!

2 comentários:

  1. Minha querida nova amiga, estou adorando te acompanhar em tua jornada da escrita!
    É isso aí, siga em frente.
    Beijo grande,
    Mariah de Olivieri

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  2. Querida amiga, que prazer te receber por aqui e ainda receber todo este carinho. Obrigada pelo incentivo. Saudades. Beijão

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"Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes..."
(Cecília Meireles)

Que bons ventos te tragam mais vezes!